Texto base: Entrevista com Chico de Oliveira, realizada em 1999.
Palavras-chave: Cidadão, plenitude, virtualidade e conflito.
Para que falemos sobre cidadania, temos de pressupor que existam cidadãos. E como definir o que é cidadão? Cidadão é aquele que participa ativamente da sociedade e possui direitos atribuídos por uma constituição ou conjuntos de Leis, ou talvez, pela própria organização cívica que se encontre (será que um índio é cidadão? Acho que para sua tribo e para o país que ele habita, sim).
Sendo assim, para sermos cidadãos devemos participar de forma efetiva da sociedade buscando garantir os nossos direitos como também lutar por eles, pela sua melhoria, pela sua adaptação segundo a nossa realidade atual. Essa busca pelos direitos deve ser algo dinâmico que envolve fielmente quem luta por uma causa. No entanto, mesmo sendo ativo, esse cidadão usará de armas para que suas reivindicações possam alcançar algum êxito considerável (aqui, é o estágio do conflito). Para maior eficiência, ele se utilizará de instituições criadas e organizadas pelos próprios cidadãos para que se tenha uma força maior de mobilização, de modo que cause mudança no meio.
Temos as Leis que nos garantem nossos direitos, porém necessitamos trabalhar para que as lacunas existentes, nessas Leis, possam ser vedadas com as alterações e os acréscimos necessários. Respeitando sempre as diferenças e trabalhando com elas para que cada raça, crença e etnia possam desfrutar de direitos igualitários como também serem aceitas e compreendidas por todos. Isso é a criação do espaço de virtualidade, onde se estudaram as opções para que talvez se haja um novo direcionamento para a mudança dentro de um direito.
Mas, como está preparado? Sem dúvidas, necessitamos estar aptos no que diz respeito à linguagem para poder se desenvolver qualquer coisa. Não tem como viver em Marte, se não se sabe a linguagem que se usa por lá. Temos de estar sempre "inseridos" na linguagem para assim podermos caminhar dentro de uma sociedade. Quando se registra uma criança, vê-se já um cidadão segundo o documento, mas para que esse surja futuramente como cidadão, esse deverá participar da sociedade com suas ideologias. Chegando, então, em sua plenitude de autonomia.
É fato que os direitos já são garantidos mesmo quando não somos inseridos na linguagem (quando recém-nascidos são registrados - Brasil). No entanto, somente a plenitude de autonomia que concretizará a cidadania.